sábado, 18 de abril de 2015

METAS DE APRENDIZAGEM TIC

A atual sociedade, designada de Sociedade de Informação, é profundamente marcada por progressos tecnológicos na área das TIC, o que tem originado mudanças significativas no modo de estar, de interagir e, sobretudo, de aprender. De facto, são proporcionados novos ambientes de aprendizagem, que contribuem para a construção do conhecimento, para a aprendizagem ao longo da vida, para o aprender a aprender. Neste contexto, a mudança impõe-se, sobretudo ao nível das práticas educativas, das metodologias de trabalho na Escola com vista a uma verdadeira perspetiva construtivista da aprendizagem. 
 Ora, “as TIC são, de facto, a alavanca para a tão necessária mudança da escola, isto é, a mudança dos modos como se ensina e como se organiza e estimula a aprendizagem.” (Costa, 2010:932). De facto, para que se sistematize efetivamente essa mudança, é imprescindível a presença incontestável das TIC nas escolas. Presença que não se pode reduzir a uma área curricular específica integrada pontualmente na matriz curricular do 3º ciclo. É necessária a sua integração ao longo do percurso escolar (desde o pré-escolar até ao final do ensino básico), consubstanciando-se “numa unidade de formação transversal, da responsabilidade de todas as disciplinas do currículo, sem pertencer a nenhuma delas” (Costa, 2010:934) para que os alunos possam desenvolver competências digitais e transversais que lhe permitam uma aprendizagem ao longo da vida. 
 É neste contexto que surgem as Metas de Aprendizagem TIC (2010), documento oficial onde são explicitadas “as competências que os alunos devem evidenciar no final de cada um dos ciclos de escolaridade na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)” (Metas TIC, 2010:6), norteando assim o trabalho a desenvolver e definindo parâmetros comuns e nacionais de aprendizagem. 
Este documento afigura-se como uma ajuda essencial para o trabalho dos docentes e dos professores bibliotecários, pois, como sublinha Costa (2010), apresenta o potencial das TIC na concretização das competências transversais essenciais ao desenvolvimento global do indivíduo, inscritas no currículo nacional, perspetivando-se assim “não o ensino das tecnologias, mas a aprendizagem com tecnologias” (Costa, 2010: 934). 
 Tendo as Bibliotecas Escolares como missão desenvolver “nos alunos competências para a aprendizagem ao longo da vida”, proporcionando “informação e ideias fundamentais para sermos bem sucedidos na sociedade atual, baseada na informação e no conhecimento “(Manifesto da Biblioteca Escolar), “ terão todas as vantagens em recuperar estas metas, tendo-as como referência, para a planificação do seu trabalho com professores e alunos” (Felizardo), nomeadamente na área do desenvolvimento da literacia da informação, “articulando-as, também, com o referencial Aprender com a Biblioteca Escolar”(Felizardo). 
De facto, estes dois documentos assemelham-se e complementam-se, pois ambos almejam o desenvolvimento de competências numa perspetiva transversal, essenciais à formação do indivíduo e à construção do seu conhecimento, ao longo da vida, e não numa perspetiva meramente técnica e estanque. De facto, ambos estruturam as aprendizagens a desenvolver em cada nível de ensino, disponibilizando “um conjunto de orientações definidoras da sua ação formativa e intervenção na relação transversal e articulada com o currículo” (RBE, 2012:10), promovendo assim uma aprendizagem TIC contextualizada. 
Se atentarmos na estrutura dos dois documentos, verificamos que ambos apresentam uma série de estratégias de operacionalização por ciclos que, com as devidas adaptações à realidade de cada escola e ao currículo, poderão ser uma boa orientação para a consecução das metas a atingir. 
Constatamos também, nos dois documentos, que cada área apresenta desempenhos a atingir pelos alunos no final de cada nível de ensino. 
Além disso, as quatro áreas, preconizadas nas Metas de Aprendizagem TIC, em que se desenvolvem as competências transversais (Informação, Comunicação, Produção, Segurança) afiguram-se como “pilares não apenas da literacia digital, mas um suporte às restantes literacias, nomeadamente as que são definidas no referencial emanado da RBE - Aprender com a Biblioteca Escolar; a literacia da leitura; a literacia dos media e a literacia da informação” (Felizardo), no qual a literacia digital surge como transversal às três literacias/áreas apresentadas. Por sua vez, também as três áreas do referencial Aprender com a Biblioteca Escolar articulam-se com as quatro áreas contempladas nas Metas de Aprendizagem TIC, pois as capacidades que estas pretendem incrementar implicam o desenvolvimento das três literacias do referencial.
Pelo exposto, conclui-se que estes dois documentos são, de facto, dois aliados preciosos para o desenvolvimento das competências transversais e de aprendizagem ao longo da vida. Por isso, é necessário transformá-los efetivamente num Quadro de Referência nas nossas escolas. Como? Através dos seus projetos educativos. De facto, este documento nuclear da orientação educativa deve assumir-se como um verdadeiro plano de ação estratégico, no qual sejam especificados projetos restritos relativos à aprendizagem, à formação dos alunos bem como relativos aos planos de formação dos docentes. Estes têm de rever, com profundidade, as suas práticas educativas, as suas abordagens didáticas, procurando novos caminhos necessários à educação, que atendam aos novos paradigmas do nosso tempo.
 Acredito que, em todo este processo, as Bibliotecas Escolares sejam um elemento determinante. Como centro nevrálgico da Escola e através das relações que estabelecem (trabalho colaborativo), poderão ser o motor para que a mudança se constitua como fator de inovação, através da criação de ambientes de aprendizagem, apoiados na planificação e no desenvolvimento conjuntos de unidades de ensino, tendo como referência o preconizado nos dois documentos em análise. De facto, “cabe aos professores bibliotecários, mais autónomos relativamente aos normativos da tutela, assumir o papel de gestores do currículo e tomar um papel mais ativo e dinâmico no processo de inovação curricular com as TIC nas escolas e nos agrupamentos em que trabalham” (Felizardo). 

 Referências: 

COSTA, Fernando Albuquerque (2010). Metas de aprendizagem na área das TIC: aprender com tecnologias. I Encontro Internacional TIC e Educação. Lisboa. Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, 931-936.

 DIREÇÃO GERAL DA INOVAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO CURRICULAR (2010). Metas de aprendizagem TIC. Lisboa: Ministério da Educação

 FELIZARDO, Helena. As metas de aprendizagem na área das TIC no contexto de desenvolvimento das literacias e das competências transversais.

 IFFLA. Manifesto da Biblioteca Escolar. Disponível em www.espa.edu.pt/ExtraJoomla/RBE/Manifesto_Biblioteca_Escolar.pdf

 PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência. Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares (2012). Aprender com a biblioteca escolar. Lisboa: RBE. Disponível em http://www.rbe.min-edu.pt/np4/681.html

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